quarta-feira, 6 de março de 2013

Chorão, Charlie Brown e a má qualidade musical


Desde a invenção da indústria radiofônica, até o surgimento dos Beatles, que popularizam a ideia de que qualquer garoto comum que arranhasse um instrumento pudesse fazer música montando uma banda, criou-se um “problema” para os elitistas culturais: a música “”””sem qualidade”””” que antes só estava presente na boca do povo – isso quando saída de dentro de uma casa e que pouquíssimo se transmitia de cidade em cidade, quanto mais de geração em geração (por isso que temos inúmeros registros da chamada música erudita enquanto pouco da música popular) – começa a ficar conhecida. A partir daí qualquer garoto de 15 anos pode fazer uma musica tal e qual o artista que aparece na MTV e no Faustão. E aí esses elitistas culturais tentam provar a falta de qualidade musical dessa música, em contraposição a aquilo que hoje é socialmente estabelecido como “bom”; diga-se de passagem, sem argumento algum que difira daqueles utilizados a séculos atrás pelas elites e que há poucas décadas atrás atacavam as mesmas músicas que hoje tais elitistas acreditam ser o suprassumo da qualidade. Morreu hoje mais um destes garotos. Ele era o vocalista e letrista do CBJR, banda que todos os músicos e estudiosos de música que conheço dizem que é boa, “com exceção do Chorão – péssimo vocalista e letrista”, como eram as cantoras de Jazz e os primeiros roqueiros. O primeiro que fizer uma teoria da qualidade musical que funcione que atire a primeira pedra.

Mas tem aquela também: 

“Você falou pra ela que eu sou louco e canto mal
Que eu não presto
Que eu sou um marginal
Que eu não tenho educação
Que eu só falo palavrão
E pra socialite eu não tenho vocação
Sei que isso tudo é verdade
Mas eu quero que se foda essa porra de sociedade
Pago minhas contas sou limpinho
Não sou como você filho da puta, viadinho
Então, já era...”

(Ouro Preto, 06 de março de 2013)