Desde
a invenção da indústria radiofônica, até o surgimento dos
Beatles, que popularizam a ideia de que qualquer garoto comum que
arranhasse um instrumento pudesse fazer música montando uma banda,
criou-se um “problema” para os elitistas culturais: a música
“”””sem qualidade”””” que antes só estava presente
na boca do povo – isso quando saída de dentro de uma casa e que
pouquíssimo se transmitia de cidade em cidade, quanto mais de
geração em geração (por isso que temos inúmeros registros da
chamada música erudita enquanto pouco da música popular) – começa
a ficar conhecida. A partir daí qualquer garoto de 15 anos pode
fazer uma musica tal e qual o artista que aparece na MTV e no
Faustão. E aí esses elitistas culturais tentam provar a falta de
qualidade musical dessa música, em contraposição a aquilo que hoje
é socialmente estabelecido como “bom”; diga-se de passagem, sem
argumento algum que difira daqueles utilizados a séculos atrás
pelas elites e que há poucas décadas atrás atacavam as mesmas
músicas que hoje tais elitistas acreditam ser o suprassumo da
qualidade. Morreu hoje mais um destes garotos. Ele era o vocalista e
letrista do CBJR, banda que todos os músicos e estudiosos de música
que conheço dizem que é boa, “com exceção do Chorão –
péssimo vocalista e letrista”, como eram as cantoras de Jazz e os
primeiros roqueiros. O primeiro que fizer uma teoria da qualidade
musical que funcione que atire a primeira pedra.
Mas tem aquela também:
Mas tem aquela também:
“Você falou pra ela que eu sou louco e canto
mal
Que eu não presto
Que eu sou um marginal
Que eu não tenho educação
Que eu só falo palavrão
E pra socialite eu não tenho vocação
Que eu não presto
Que eu sou um marginal
Que eu não tenho educação
Que eu só falo palavrão
E pra socialite eu não tenho vocação
Sei que isso tudo é verdade
Mas eu quero que se foda essa porra de sociedade
Pago minhas contas sou limpinho
Não sou como você filho da puta, viadinho
Então, já era...”
Mas eu quero que se foda essa porra de sociedade
Pago minhas contas sou limpinho
Não sou como você filho da puta, viadinho
Então, já era...”
(Ouro Preto, 06 de março de 2013)