domingo, 27 de abril de 2014

A nova esquerda e a paranoia eleitoral

A nova "esquerda" entra numa paranoia eleitoral tão grande, uma preocupação com o poder tão grande, que é incapaz de qualquer defesa a pessoas que são oprimidos ou sofrem injustiças de governos que não sejam do PSDB ou alguma coisa parecida, como é o caso dos atingidos pela copa. Veem o mundo segundo a lógica "se todo mundo falasse isso, perderíamos a eleição" e se tornam por isso tão insensíveis ao ideário clássico da esquerda, as minorias e os oprimidos que não são contemplados pelos seus programas ou políticas públicas, que agem como aqueles que eles criticam.
É possível resolver tudo de uma vez? Não. Eles vão um dia chegar até essas pessoas a quem hoje eles não chegam? É possível que sim. Mas fingir de cego e surdo com vistas eleitorais é digno de reprovação sempre e não torna o país melhor.
Avanços "nunca dantes" conquistados são centenas e só a nova "esquerda" poderia traze-los agora, fato. Mas não somente disso que se trata e fazer política não se resume a isso.
Aí eles se perguntam: "mas, cara, você vai votar em quem então? Nos tucanos?!". Óbvio que não. Mas, novamente, não é somente disso que se trata. Política não é "em quem eu você vai votar", mas o que você defende, pelo que você luta. Os partidos gastam milhões em propaganda, ninguém precisa ser refém da eleição e não ser livre para expressar sua opinião.


(Belo Horizonte, 27/04/2014)