terça-feira, 5 de junho de 2012

Homossexualismo e natureza humana


Há quem queira defender que o homossexualismo está errado porque é antinatural, mesmo que quem pense isso não seja totalmente contra as pessoas que gostam de indivíduos do mesmo sexo e que ajam de forma “tolerante”.
Em primeiro lugar, qualquer afirmação a respeito da natureza humana só pode se tratar de uma conjectura, pois os humanos são animais sociais, em cuja formação influi toda uma série de elementos externos, de forma que não podemos com segurança separar aquilo que seria naturalmente parte da “essência” humana e aquilo que é um construto sócio-ambiental. Além do que, a razão constitui uma possibilidade para que os seres humanos possam agir contrariamente aos ditames impulsivos de sua natureza, e talvez isso sirva para a crença de que por isso há homossexualidade entre os humanos, mas é algo que nos impede ainda mais de ter certeza a respeito disso.
      Não obstante, há inúmeros exemplos de homossexualismo entre os animais considerados irracionais (e por isso, animais que não podem agir diferentemente daquilo que lhes dita sua natureza), e por isso eu diria que podemos pelo menos considerar que temos indícios de que o homossexualismo é algo natural – uma vez que a análise desses fatos precisaria ser entrelaçada com a análise de inúmeros fatores, como por exemplo, a quantidade de animais do mesmo sexo, se os animais de determinada área estão se reproduzindo ou não, etc.
            De qualquer forma, penso que o recurso a uma suposta natureza humana para tratar de qualquer caso social está fadado ao erro: se formos fundamentar qualquer crença com base em conjecturas, poderíamos, por exemplo, defender que o sexo sem fins de reprodução da espécie é antinatural; que uma sociedade pacífica é antinatural, pois os seres humanos seriam naturalmente violentos; que o roubo e o assassinato não deveriam ser proibidos, uma vez que a lei da sobrevivência é uma constante entre todos os indivíduos; e por fim, os velhos deveriam ser assassinados, pois não têm o que contribuir com a sociedade (e a sobrevivência desta é o que há de mais natural) e o amor por eles é antinatural, portanto.  

(Ouro Preto, 28 de maio de 2012)

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