quarta-feira, 3 de agosto de 2011

uma crítica à Lady Gaga

            (Lady Gaga no clip de Telephone)


Lady Gaga é uma pessoa bem interessante, uma vez que encontra adeptos (fãs) que vêm de todos os segmentos (leia-se, os cults e os “comuns”); por isso não é difícil ver alguma pessoa do meio artístico, filosófico e coisas que tais (cults) louvando-a como algo que escapa ao esquema da música de massas (da chamada indústria cultural – termo que facilita muito o entendimento); agindo em relação a ela como algo a que podem se dar ao luxo de se igualarem às massas, de perder a postura blasé e se “divertir” sem compromisso (algo que a música cult não o permite com tanta desenvoltura).
Sem dúvida alguma há algo diferente na cantora (ou estrela; não sei bem se ela canta ou se é tudo eletrônico, já que em cada música a voz dela é diferente); o fato de parecer realizar uma crítica em suas letras e clips, algo que as suas semelhantes não o fazem, é notório. É por isso que uma vez um crítico de arte de um jornal mineiro disse que Lady Gaga realizava uma “resistência dentro do sistema”, termo que vêm do francês Deleuze.
Eu tendo a discordar e gostaria de ter a oportunidade de desenvolver mais o assunto, tendo em vista o termo de indústria cultural e o de apropriação que Adorno diz que ela realiza, que é o que parece ocorrer aí – mercadoria disfarçada de arte.
O que me dá indicativos de que algo do tipo ocorre aí é uma questão da recepção de suas obras. Quando o público cult recebe suas músicas/clips ele, obviamente, nota a crítica, a ironia que existe ali – até porque estão acostumados/treinados a encontrar esse tipo de coisa (são formados, estudados); mas me parece (com base em percepção empírica) que os fãs de música eletrônica pop (aqueles que ouvem tanto Gaga – uma feminista – quanto aquelas pessoas que ela parece criticar – mulherzinhas como a Britney) não parecem ser modificados por isso; não parecem absorver aquela crítica; se mudam é algo puramente formal: ou seja, copiam as roupas, cabelos, gestos, tornam-se uma Lady (com o perdão do trocadilho que possa haver aí). Se absorvem a crítica, entenderão talvez que a “raça homem” deve ser pisada.   
Adorno fala sobre a importância da forma estética, que é o mecanismo através do qual a obra pode realizar uma crítica sensível da sociedade... É o que parece faltar no caso da Gaga: quem ouve sua música na radio e não sabe que é ela que está cantando ou não entenda inglês, não notará diferença alguma entre ela e a Britney ou a Madonna. Isto porque falta à obra uma crítica objetiva, substancial, da qual seja impossível escapar, que incomode até mesmo aquele espectador mais cético e frio – que é o que parece haver com as obras de arte.  
Uma pesquisa sobre a recepção de sua obra, sobre o que faz com seus ouvintes era algo necessário para provar que ela realiza uma resistência dentro do sistema ou que não seja mais uma mercadoria muito mais bem feita que as outras, uma vez que “agrada a gregos e troianos”.


(Pouso Alegre, 03 de agosto)

2 comentários:

  1. Olá Enrique, achei massa o blog. Sou sua seguidora, mas só uma coisinha: essa foto aí de cima é da Britney e não da Lady Gaga

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  2. Mirela, bom saber que gostou! Quanto à foto eu coloquei aí de propósito pra tirar sarro mesmo! Mas agradeço o aviso, pois caso eu tivesse mesmo colocado errado gostaria mesmo que alguém me avisado.

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